Visitar Paris em 4 dias: o roteiro ideal (testado e aprovado)
E se a gente conhecesse Paris sem pressa? Quatro dias para explorar Paris? Vamos ser sinceros: é um desafio. Mas também é uma sorte. Porque em quatro dias, dá sim para sentir a essência da cidade — desde que a gente saiba escolher bem. Aqui, nada de maratona turística nem de cronograma cronometrado para dar check como numa lista de supermercado. Esse roteiro foi pensado como se prepara uma viagem especial: com cuidado, com critério e, por que não, com um toque de carinho também. Foi testado (e aprovado) na prática por parisienses que amam sua cidade… e ainda mais, amam compartilhá-la. Cada dia segue uma lógica fluida — a pé ou com poucas estações de metrô. A gente atravessa vários “Parises”: o Paris alto de Montmartre, o literário de Saint-Germain-des-Prés, o clássico dos museus e jardins, o Marais que mistura história e criação, e, como grande final… a Torre Eiffel, claro. As atmosferas mudam, o ritmo também. Misturamos pontos imperdíveis com cantinhos mais secretos, endereços elegantes com boas surpresas. É um roteiro para caminhar, se encantar, respirar — e sentir Paris. Então não: isso não é um resumo da capital. É melhor. É uma travessia escolhida a dedo, pessoal, mas fácil de fazer sua. Pronto para embarcar? Paris te espera — vibrante, diversa e pronta para se deixar (re)descobrir. Dia 1 – De Montmartre aos telhados de Paris: entre charme boêmio e elegância haussmanniana Montmartre: um vilarejo no alto do coração de Paris O dia começa em Montmartre, saindo da estação Abbesses, cuja entrada em estilo Art Nouveau é uma das mais emblemáticas da capital. Bem em frente, o Muro dos “Eu te amo” oferece uma introdução poética à jornada: mais de 300 declarações de amor, em 250 idiomas, sobre um fundo de azulejos azul profundo. A subida em direção à basílica do Sacré-Cœur é feita a pé, no ritmo das escadas, das pausas para respirar e das paisagens que vão se revelando aos poucos. No topo da Butte, a basílica se impõe, branca e escultural, como se estivesse pousada acima da cidade. Inspirada no estilo romano-bizantino, ela contrasta com as silhuetas haussmannianas ao redor. Por dentro, descobre-se um dos maiores mosaicos do mundo, representando Cristo em glória. Luz suave, cúpulas grandiosas, colunas imponentes: o espaço convida à contemplação. Lá fora, o terraço oferece uma das vistas mais bonitas de Paris — um mar de telhados cinzentos, campanários e cúpulas que se estende até o horizonte. Na Place du Tertre, os pintores montam seus cavaletes à sombra dos plátanos. Alguns desenham silhuetas, outros conversam com os passantes, num clima de ateliê a céu aberto. Mais adiante, a rue Norvins e a rue de l’Abreuvoir revelam seus paralelepípedos, suas janelas entreabertas, suas fachadas cobertas de plantas. É um lugar muito (talvez até demais?) visitado, mas a alma de Montmartre resiste: atrás das vitrines, nos ateliês discretos, os moradores seguem cuidando do espírito do bairro — esse vilarejo elevado, ao mesmo tempo livre e habitado, boêmio e pulsante. Rue des Martyrs e Montorgueil: a flânerie dos sentidos A descida acontece pela rue des Martyrs, uma rua vibrante que parece ter sido feita para caminhar sem pressa. Avança-se ao ritmo das fachadas antigas, das vitrines vitrificadas das confeitarias, dos aromas de croissant saindo das padarias. Uma pausa se improvisa no balcão de um café, o olhar pousado nos passantes e entregadores que se cruzam pelo caminho. Mais abaixo, a rue du Faubourg Montmartre prolonga o passeio. A atmosfera ali é mais animada: cafés com fachadas gastas, livrarias de bairro, teatros centenários. Um Paris vivo, levemente efervescente, mas ainda charmoso. Pela rue Montmartre, chega-se à rue Montorgueil, totalmente para pedestres. Mais densa, mais comercial, ela é ideal para um almoço na calçada, cercado por quitandas coloridas, lojas de vinho e bistrôs tradicionais. Menus do dia rabiscados a giz, copos sendo secados atrás dos balcões, vozes que se cruzam: tudo compõe uma cena de rua simples e alegre. É fácil se demorar por ali, entre moradores e viajantes, pelo tempo de um prato ou de uma sobremesa. Passagens cobertas: o Paris discreto do século XIX Depois da vibração gastronômica de Montorgueil, deixamos a luz vibrante das ruas para entrar numa pausa sussurrada sob as claraboias do século XIX. Essas galerias discretas e elegantes revelam um outro rosto de Paris: íntimo, quase secreto, como se a cidade falasse baixinho. Antigo refúgio dos elegantes em dias de chuva, elas prolongam o passeio em uma luz suave, filtrada por vidro e metal. Entramos pelo Passage des Panoramas — de chão de pedra, atmosfera acolchoada, ladeado por letreiros pintados à mão e pequenos restaurantes justapostos. O Passage Jouffroy dá continuidade à experiência, com suas livrarias antigas e lojinhas de charme nostálgico. Por fim, surge a Galerie Vivienne, a mais luminosa, onde os mosaicos do piso e as ferragens delicadas compõem um cenário fora do tempo. Palais Royal: um jardim secreto no coração de Paris Ao sair das passagens cobertas, bastam alguns passos para alcançar os portões do Palais Royal. Antiga residência real construída no século XVII pelo cardeal Richelieu, o local atravessou os séculos sem perder nada de sua majestade discreta. A entrada leva ao pátio interno, onde as Colunas de Buren, instaladas em 1986, formam um tabuleiro gráfico aberto para o céu — ao mesmo tempo lúdico e contemplativo. Ao redor, as galerias cobertas, com vitrines silenciosas e elegantes, conduzem ao jardim central. Fileiras de árvores, espelhos d’água, bancos de pedra: tudo convida a uma pausa serena antes de continuar a explorar a cidade. Bairro Sainte-Anne: sabores da Ásia no centro de Paris A poucas ruas dali, o clima muda. Entramos no bairro Sainte-Anne, epicentro japonês e coreano de Paris. Nascido nos anos 1970 em torno de alguns restaurantes discretos, o bairro se transformou em referência incontornável da culinária asiática na cidade. Suas ruelas concentram hoje uma bela variedade de endereços: restaurantes, confeitarias com matcha, livrarias temáticas e mercearias finas onde se encontram chás, condimentos e doces vindos de Seul ou Tóquio. É o lugar ideal … Ler mais